top of page

Na minha rua há um menino doente.

Enquanto os outros partem para a escola,

Junto à janela, sonhadoramente,

Ele ouve o sapateiro bater sola.

Ouve também o carpinteiro em frente,

Que uma canção napolitana engrola.

E pouco a pouco, gradativamente,

O sofrimento que ele tem se evola...

Mas nesta rua há um operário triste:

Não canta nada na manhã sonora

E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente...

E está compondo este soneto agora,

Pra alminha boa do menino doente.

Mário Quintana

(VI - A Rua dos Cataventos)

bottom of page